Justiça troca juiz e reagenda júri de PM acusado de matar dois durante show em Piracicaba
03/07/2025
(Foto: Reprodução) Júri já foi adiado por cinco vezes. Afastamento do juiz do caso se deu porque ele está processando os advogados de defesa em razão de ofensas que afirma que sofreu. Justiça determina troca de juiz e remarca julgamento de PM acusado de matar dois em show
A Justiça de Piracicaba (SP) reagendou para 27 de agosto o julgamento do policial militar Leandro Henrique Pereira, acusado de matar duas pessoas e deixar outras três feridas ao realizar disparos dentro de um show sertanejo, em novembro de 2022. Também houve troca do juiz responsável pelo caso.
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O crime ocorreu em um evento no Parque Unileste e os tiros disparados mataram Leonardo Victor Cardoso, de 25 anos, e Heloíse Magalhães Capatto, de 23 anos. Além disso, ficaram feridas pelos tiros outras três pessoas de 20, 21 e 27 anos.
O PM é acusado de dois homicídios com quatro qualificadoras e por três tentativas de homicídio. O tribunal do júri deve ouvir na sessão as três vítimas que sobreviveram aos disparos, além de testemunhas de acusação e defesa.
Confusão em festa sertaneja termina com dois mortos e um baleado em Piracicaba
Divulgação
Desentendimentos em plenário
O júri popular já foi adiado por cinco vezes. Dois adiamentos aconteceram devido a desentendimentos entre defesa e acusação no plenário. Após um deles, a defesa do PM acionou a Justiça para pedir a troca do juiz do caso.
No habeas corpus ajuizado, um dos advogados de defesa afirma que se desentendeu com o promotor de Justiça responsável pela acusação, durante a última última sessão do júri que foi iniciada, e que os defensores do réu abandonaram o plenário.
E que, por isso, o juiz do caso declarou o réu indefeso e determinou a instauração de inquérito policial contra os advogados por desacato, além de outras medidas administrativas.
Por conta disso, a defesa afirma que o juiz do caso teria suposta inimizade com o acusado e seus advogados e pediu que o magistrado fosse declarado suspeito para julgar o caso.
Jovem atingido de raspão por tiro em festa de Piracicaba
Reprodução/EPTV
Juiz processou advogados
O afastamento do juiz do caso, no entanto, se deu porque ele está processando os advogados de defesa em razão de ofensas que afirma que sofreu.
Em decisão anterior, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) considerou que o juiz agiu corretamente em relação aos fatos ocorridos em plenário.
A troca de magistrados foi aceita pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decisão do último dia 5 de junho.
"Foi comprovada a existência de um processo criminal, de forma a tornar o juiz (que se quer declarar suspeito) e o patrono/impetrante envolvido neste (talvez) desconforto social verdadeiras partes opostas de um novo, mas não totalmente autônomo, litígio", explicou o ministro Messod Azulay Neto.
Há um recurso em andamento contra a decisão, que foi monocrática, ou seja, proferida por um único ministro do STJ.
Outros policiais
Além do policial acusado de fazer os disparos, o MP-SP também denunciou por prevaricação um amigo dele e sua esposa, que também são policiais e estavam no local, por não realizarem suas funções e o prenderem.
O amigo ainda foi denunciado por auxiliá-lo na fuga do evento, mas fez um acordo judicial e teve seu caso arquivado.
Já a esposa de Pereira foi absolvida, mas o Ministério Público recorreu. Anteriormente na ação, o crime pelo qual ela era acusada já tinha sido considerado de menor potencial ofensivo pelo magistrado.
Fórum Estadual de Piracicaba
Edijan Del Santo/EPTV
Intervenção em briga e 'empurra-empurra'
De acordo com a denúncia do MP, os disparos foram realizados após Leonardo, uma das vítimas, intervir em uma briga entre o PM de 25 anos, um amigo seu e uma terceira pessoa.
Já a Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic) concluiu que o motivo dos disparos foi um desentendimento após um empurra-empurra no show. Ao finalizar a investigação, a corporação pediu a prisão preventiva do policial militar que efetuou os tiros.
Por ser integrante de uma força de segurança pública, a Polícia Militar, o acusado tinha porte de arma em qualquer lugar de todo território nacional.
Correria e desespero
Imagens publicadas em redes sociais mostram o momento dos tiros e quando começa a confusão e correria no evento (veja no vídeo acima).
Nas imagens é possível ver os dois artistas no palco, cantando o refrão de uma música. Em seguida ouvem-se os barulhos dos tiros. Em um dos vídeos, uma pessoa que estava no local identifica o som e diz: "É tiro, é tiro". Em seguida começa uma confusão e a imagem é encerrada.
Vítimas
As vítimas que morreram baleadas são dois jovens:
Heloise Magalhães Capatto, de 23 anos, era estudante de Odontologia. Seu corpo foi sepultado no dia 20 de novembro de 2022. A Unicamp emitiu nota lamentando a morte e decretando luto oficial na instituição.
Heloise Magalhães, estudante de odontologia da Unicamp, morreu após ser baleada em festa sertaneja em Piracicaba (SP)
Reprodução
A outra vítima foi Leonardo Victor Cardozo, de 26 anos. Ele foi sepultado também em 20 de novembro de 2022, em Piracicaba.
Leonardo Victor Cardozo, de 26 anos, que morreu após ser baleado em confusão em festa sertaneja em Piracicaba (SP)
Reprodução/EPTV
Empresa organizadora do evento, Burn19 Produções, emitiu uma nota sobre o caso na época. "A organização do evento presta toda a solidariedade às vítimas e familiares que foram afetados por esse terrível ocorrido e se coloca à disposição das autoridades para a realização das diligências necessárias, bem como colaborar com os trâmites da investigação em andamento", comunicou.
A empresa também informou que a festa contava com documentos legais e alvará para acontecer, que no local do evento havia seguranças particulares e revista pessoal, além de atendimento ambulatorial.
O que diz a defesa
Um dos advogados do réu informou ao g1 que um parecer feito por peritos particulares que a defesa anexou ao processo aponta que Pereira não foi autor de todos os disparos, "com base em trajetórias e confrontos balísticos".
Também sustentou que o policial atirou apenas contra Leonardo, que estaria tentando tirar a arma dele. Foi, ainda, apresentada a tese de que havia um outro atirador no local, que não foi identificado pelas investigações.
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